sexta-feira, 1 de maio de 2015

Reflexxxo



Encontrei isto por acaso no Tumblr e logo rebloguei o link. É um video-arte de curta metragem da artista Alli Coates, de Los Angeles, em que a câmera segue uma pessoa caminhando por uma rua turística movimentada de Myrtle Beach, na Carolina do Sul, com uma máscara metálica que cobre todo seu rosto e esconde sua identidade. Mas o projeto se trata mesmo da reação das pessoas ao ser mascarado. Com o título American Reflexxx, o video provoca discussão sobre o reflexo da sociedade, apresentado no modo em que os passantes interagem com a mulher sem rosto, de vestido curto e saltos altos. Imediatamente, o público começa a questionar o seu real gênero – "aquilo é homem ou mulher?" – o que desencadeia uma perseguição de curiosos.

POR QUE DIABOS ISSO IMPORTA? – eu me pergunto.

Mas eu acredito que a brincadeira com o título da peça vai além da alusão à imagem que as pessoas espelham numa situação como esta; eu acho que está também ligada ao movimento de reflexo (aquele impulso imediato) que tais pessoas sentem ao se depararem com o que desconhecem ou não entendem. No caso do vídeo, essa ação reflexiva é vista no ataque gratuito que alguns dos passantes estendem até a moça, a qual, em momento algum, provoca ninguém. Claro, há aqueles que não se afetam com sua dúbia identidade e apenas se divertem com a loira, riem, dançam, tiram fotos. Mas o ponto alto do vídeo está no retrato da violência refletida em sua máscara reluzente.


Eu confesso que me surpreenderam, no começo do vídeo, as indagações sobre o gênero da mascarada, porque não sabia que era disso que se tratava, e me peguei pensando de onde vem a necessidade de definir se era ele ou ela. Pra mim, o elemento da máscara era muito mais curioso – a pergunta deveria ser "Por que esta pessoa está usando esta máscara?", mas a resposta logo se foi dada. De qualquer forma, esse projeto tem grande valor neste atual momento em que questões de diversidade de gênero têm sido mais amplamente discutidas, como no seriado Transparent (maravilhosa produção da Amazon) e no mais recente caso do Bruce Jenner.


Claro, o estilo da edição chega a cansar com o passar dos 14 minutos, mas a escolha da música Blurred Lines de trilha foi bem acertada.
Pesquisando adiante, descobri que a artista performática que fez o papel de espelho social se chama Signe Pierce, e sim, ela é transexual. Para quem importa saber.

2 comentários:

  1. Eu só tinha visto o snippet deste vídeo. Não tive coragem de ver. Não sei, acho que no dia eu estava um pouco saturado de coisas ruins acontecendo, julguei que o vídeo seria mais um soco no estômago. Julguei certo pelo visto.

    Um beijo, Joe!

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  2. @Lobo: é foi, difícil de assistir mesmo, sendo o conteúdo real como é. E a edição arranhada torna a coisa ainda mais indigesta.
    Mas, sim, vale o murro no estômago.

    [j]

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