terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Estamos quebrados

Um dos maiores poucos prazeres deste ano foi o retorno/conclusão de Gilmore Girls, que sempre será uma de minhas séries mais queridas. Ninguém jamais fará por nós o que a Netflix faz, essa é a verdade. Voltando aos quatro capítulos de A year in the life, um dos pontos centrais da trama foi o status de sem-rumo da Rory, que até então sempre definira o conceito de 'jovem promissor'. Nesta nova fase, encontramos uma Rory de 32 anos sem residência fixa, emprego fixo ou sequer roupa íntima. Tão perdida quanto... a maioria de nós – eu concluo, olhando ao meu redor. Muito embora o potencial da Rory fosse tão exponencialmente mais amplo que o nosso, foi particularmente reconfortante – e ao mesmo tempo desesperador – encontrar a garota Gilmore em uma situação cagada como a minha própria realidade. É ou não é gostoso se identificar com um personagem querido?
O episódio Summer, terceiro da minissérie, é salpicado de saudações da população peculiar de Stars Hollow à Rory com boas-vindas de volta à cidade, ao que ela responde, em sua defesa, que "não está de volta", que "é temporário". Haha. É engraçado porque é trágico. Por aqui também, é temporário. Já faz quase três anos.

– I'm broke. Busted. Beggared. I have no apartment, no car. Hell, my license expired three months ago. Everything I own is in boxes, scattered around three different states. I have no job. I have no credit. I have no underwear. I can't find that box!
– So just buy some new ones.
– Are you listening, man? I'm broke!

Conversando com meus amigos dia desses, percebi como é factual essa falta de perspectiva. E vale salientar que meus amigos são algumas vezes mais gabaritados que eu. No entanto, desta lama impiedosa, compartilhamos todos. Fernanda por fim resolveu fechar seu escritório de advocacia para estudar para concurso (que é a grande realidade aqui pela capital da República), triste, porém decidida, proferindo que "estamos num tempo em que a felicidade profissional é um luxo, e não dá mais pra seguir achando que todo mundo pode se realizar fazendo aquilo que ama". É. Não resta muito senão concordar.

Nem todo mundo consegue viver seus sonhos. Ouvi isso em alguma outra série um tempo atrás, e o mais triste foi aceitar como verdade. Eu tento ser otimista, mas às vezes é preciso desabafar. 

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