quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Seu próprio amante

Aí eu raspei a cabeça e, à parte do meu envolvimento emocional com o ato de cortar o cabelo, uma das vantagens de ter o cabelo assim bem rente é ficar passando a mão. Todo mundo, aliás, quer passar.
Ontem acariciava meu couro cabeludo enquanto pensava mil coisas por segundo; passava a mão pelos fios de cabelo curtíssimos que, pelo comprimento, não tinham opção senão a de permanecerem eretos. Como se cruzasse um portal semântico imaginário, de repente me senti não acariciando meus cabelos, mas recebendo as carícias. Eu era o acariciado, o mimado. O gostado. Eu tinha a mim.

Aquela história de que a gente deve amar a si mesmo às vezes toma uma lógica um pouco mais carnal, sabe? E talvez ser gay seja uma vantagem nesse sentido: quando você sente o seu próprio cheiro, o toque da própria pele, o roçar da própria barba, o peso e a espessura e o calor do seu corpo...  e então, sua presença resolve sua carência.

É um momento. Mas de momentos é a vida.

12 comentários:

  1. Cara vc agora me lembrou um grande amigo ... ele encarna esta concepção ...

    bjux

    ;-)

    ResponderExcluir
  2. Legal o texto...esse sentir-se é bem legal!

    ResponderExcluir
  3. Nunca uma descrição sobre cortar cabelo me deixou tão excitado.

    prontofalei!

    ResponderExcluir
  4. Pois é, nunca parei "realmente" para pensar, mais sempre me pego passando a mão na barba rala ou mesmo no cabelo, como voce disse : Aquela história de que a gente deve amar a si mesmo às vezes toma uma lógica um pouco mais carnal, sabe?

    abraços

    ResponderExcluir
  5. Eu também me amo. E sou muito bem correspondido!
    **

    ResponderExcluir
  6. @Wans: ah é? se cheira aí, cara. sacia essa vontade.

    [j]

    ResponderExcluir
  7. GENTE! Comassim.
    Voce quem disse, hein, seu anonimo! Cada um entende como quer. hehehe

    [j]

    ResponderExcluir
  8. tenho me pegado na vontade de raspar a cabeça, um desejo sem motivo consciente, talvez agora vc tenha descrito que desejo seja esse, vc tenha decifrado esta necessidade de se sentir ainda mais, mais do que já venho sentindo.

    Bom dia!

    ResponderExcluir
  9. Quem disse que cabelo não sente?
    Lembra do Arnaldo???

    Adoro cabelo revirado. Fica menos normal. Qdo posso, passo as mãos e reviro só prá ver alguém perguntar: Que cabelo é esse? Então eu digo: Como assim?????

    ResponderExcluir
  10. Claro que cabelo sente. Inclusive, acho cabelo uma parada muito sexual, não acha? Claro, quando se lhe é dado esse propósito.

    [j]

    ResponderExcluir


© 2008-2024 joe, w. bridges [ from joe ]