sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Ahimsa


Uma das alegrias de conhecer a Manu Goetz foi o convite para conhecer seu estúdio, no primoroso bairro de Coqueiros, em FLN. A Manu é uma pessoa que brilha de dentro pra fora, é de fato mágico estar com ela. Junto com a Cleonice, sua cachorra, ela me recebeu para uma prática de yoga muito revigorante. No meio da sala de prática, invadindo as paredes da casa, há uma enorme rocha que transmite energia. Tô nem mentindo, é energética mesmo, eu toquei.

Ao longo da aula, a Manu me introduziu o contexto de Ahimsa, que vêm do Sânscrito e se traduz como "não-violência", ou "não-agressão". Há muitas formas de praticar o ensinamento em aspectos diversos da vida, tipo: comer e dormir de forma saudável, cultivar pensamentos positivos e agir com calma, cuidar da Mãe Terra, resolver conflitos de forma pacífica, não se apegar a problemas, meditar. Aqui ela se referia, na prática do yoga, a não ferir a si mesmo, à importância de conhecer os seus limites para não cobrar do corpo o que ele não consegue ainda, para não se lesionar. Da mesma forma que a prática trabalha a conexão entre corpo e mente, a ideia se expande a não se machucar na alma.

Fiquei ruminando em stand by. Meses depois, de viagem em Curitiba, conversava com um amigo que, após uma crise de ansiedade numa festa, quis ir embora. Deixamos o grupo e o acompanhei para casa. Quis fazer o esforço de sair, mas na hora foi maior do que pude tolerar', ele disse. Expliquei o que muitas vezes repito aos meus alunos do yoga: apenas nossa consciência do si mesmo permite compreender até onde a gente é capaz de se esticar, se torcer, se dobrar, se inverter em uma postura. A gente entende aquele como o nosso limite e respeita, vai até ali. Em seguida, respira profundo e tranquiliza, e, soltando o ar, vai um pouco além, ultrapassa a fronteira, ainda respeitando nosso limiar de dor. Segura quanto pode, então volta aonde é confortável, e respira. E repete, indo um pouco mais longe na expiração. Respirar é fundamental para controlar o movimento ao cruzar a linha da não-dor. Tal qual, na vida tem que haver o esforço de ultrapassar as barreiras da zona de conforto, ou estancamos os avanços e empacamos. Aqui também carece conhecer até onde se é capaz de ir, e com serenidade, ir um pouco mais, desafiar-se; quando estranhar, volta e tranquiliza, e segue tentando – mas sempre respeitando a dor, o limite, o si próprio. Era de Ahimsa que eu falava! Ensina a evitar machucar a mente, seja com relações que nos maculam com toxidez, seja com autocobranças ou auto ódio. Assim: só respira e vai – você sabe até onde, e quão além.

Vai que dá mais.
 

2 comentários:

  1. Ter vivido essa experiência ao seu lado, amigo, e hoje acessar a memória daquele e conseguir conectar com o que estou passando, é inexplicável!

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