Vinte e dois de outubro de 2020 completa minha segunda maioridade. Exatos 18 anos atrás, eu saí do armário como um adolescente que sabia que era, mas temia as repercussões de ser gay, e naquela noite de terça-feira, o rapaz temeroso de 15 anos renasceu. Ali a vida pariu um novo bebê, prestes a aprender a viver, a caminhar um passo por vez, tudo de novo: nova criatura eu era. Dez anos atrás eu vim te contar das minhas impressões e do impacto dessa nova vida, de desfrutar da liberdade de me descobrir mais afundo e de me desabrolhar ao mundo. Três anos adiante, eu me marquei nesta data com uma tatuagem, celebrando os meus eus.
E hoje faço 18 anos, maior de idade. Deve soar como bobagem ou loucura pra quem nunca guerreou contra si e o mundo num embate que persiste em decidir a sua essência, mas é algo basilar – quando lhe é imposto enterrar a sua verdade de vida dentro de si, é libertador largar esse peso no chão e deixá-lo para trás. Eu tenho sorte de não ter precisado me esconder por muito mais tempo; sorte de ter sido descoberto, porque não teria tido coragem de me expor tão cedo. Não dei sorte nas minhas relações familiares pós-revelação, mas fui muito afortunado na família de amigos que escolhi dali então.
Hoje também é dia do Stripped. O álbum da minha vida e eu nascemos 18 anos atrás. ♥


Nenhum comentário:
Postar um comentário