A vida adulta toca numa frequência alta, às vezes é como maratonar numa intensa rave, com tudo rebatendo ao nosso redor ao som do bate-estaca pesado do eletrônico, o BPM lá em cima, e aquele quase acordo tácito coletivo que rege: "não pode parar".
Ser adulto é lidar com pressas que impõem uma aparente urgência de resolver nossos problemas, né? Quase traçando ali uma condição para a vida saudável que a gente segue buscando, meio que como estado inalcançável – não que o seja de fato, mas, de dentro do ciclo da nossa pressa, ele parece nunca chegar.
Com sorte, a idade nos mostra, por lentes novas, algumas das nossas falhas, dificuldades, impedimentos que nos dificultam alguns processos. Aquela verruga ou aquele tumor mental que foi crescendo com a experiência de vida, e hoje é um claro mal a ser eliminado. Mas não há cirurgia precisa para remover de imediato as mazelas da nossa essência. É preciso mesmo tempo, consta na receita médica.
Com um pouquinho de sensibilidade, a gente passa a respeitar o tempo como o agente das coisas. É atravessando o tempo que nossa existência se consolida, criando hábitos e padrões, desde o útero, pela infância, criação, juventude, até o hoje. Leva tempo também para podermos (com a reflexão e o incentivo devidos) enxergar e observar nossas falhas. Pela lógica, há que se levar tempo para repará-las. Aquele imediatismo de prazos da vida profissional, de cumprir o deadline, ele não cabe aqui. Querer resolver os problemas de uma vida com duas sessões de terapia e/ou shots de tequila nos deixa mais doentes.
Em querer resolver, dá-se um passo à frente. Daí a mais, é buscar se observar sem julgamento, ser paciente, persistir, e abraçar o tempo. O progresso, a mudança, o acerto levam tempo – e o tempo que levarem.
The Irrepressibles - Time passing
Respira e aceita. Tudo na sua hora. É com tempo, irmão.
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