segunda-feira, 15 de abril de 2024

superávit


Tudo que lhe cabe fazer é aprender sua lição.
De nada vale querer ter feito algo diferentemente.
O passado nele está; aceite o que é, e cresça com ele.


 Eu me lembro da primeira emoção reativa que eu costumava sentir, um tempo atrás, quando alguma relação se encerrava de forma frustrante ou traumática, era sempre um arrependimento sufocante, de ter me aberto para tal pessoa; a sensação de ter desperdiçado a minha intimidade, que sempre guardei com tanto cuidado, de ter me exposto e me doado para alguém que agora não merece acesso ao meu eu particular. Reagi assim por muitos anos, diante de inúmeras relações desfeitas.

A função de algumas pessoas em sua vida
é de testá-lo, até que você se levante e diga:

Chega, basta! Meu valor é maior
do que sua oferta
.



 Aí lembro também de quando me apeguei a uma citação do autor James Baldwin (elevada por uma das minhas cantoras favoritas, India Arie), que diz que “ter o seu coração partido pela perda de uma relação é comparável a sofrer um luto, e que o amor é um caminho de crescimento, compartilhado”. Nos últimos dois anos, eu passei por alguns desses lutos, sofri cada um dos seus estágios, e então segui com a vida, vivo, e apegado às pessoas que ainda me importam, e que comigo caminham ao crescimento. A última dessas relações mortas, ainda fresca, doeu menos, porque esse óbito se deu por uma espécie de câncer que veio anunciando sua mazela mortal lá de trás, e me deu a antecendência de preparo. Superada e enterrada. Alívio!

Que tu possas atrair quem fala a tua língua,
para que não tenhas que passar uma vida
traduzindo a tua alma.


 Hoje, eu não penso mais em arrependimento. Tudo tem sua razão de se desdobrar diante de nossas histórias. Eu prefiro guardar numa gaveta os momentos bons divididos, e deixar qualquer rancor correr para longe, como água por baixo da ponte. Eu não mais desejo o mal, eu luto para perdoar, mesmo no silêncio do outro, e reconheço cada emoção que me passa até superar a perda, porque foi o vínculo quem morreu, eu sigo aqui, com as pessoas cujo papel na minha narrativa não expira.

Você vai construir memórias com outras pessoas.
Pessoas melhores.


imagens daqui.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário


© 2008-2024 joe, w. bridges [ from joe ]