quarta-feira, 22 de outubro de 2025

24-1

 Imagino que toda pessoa LGBTQIAPN+ reconheça, dentro da sua história, o seu momento de libertação, o dia em que a sua verdade se faz concreta e declarada. Na minha época, e antes dela, a gente se criava sob uma enorme ressalva, temendo ser descoberto como quem teme a própria morte. Eu achava que minha vida acabaria ali mesmo, e acreditava que seguiria todo meu curso às escondidas, essa sina seria meu modo normal de existir. Não sei bem como imprimir mais o desespero e o desamparo que essa sensação causava, mas era por aí. Tinha nenhuma esperança de vida além do armário.

E, vinte e três anos atrás, eu morri, essa criança temente, o adolescente trancafiado, eu sei que ele se foi, porque naquele dia minha outra vida começou. Não é hipérbole, sabe? E, por isso, a cada outubro me orgulho de novo, me recordo daquela dor imensa, daquele frio no estômago que virou calor e depois um poço, tudo em um segundo, e sei que tudo morreu. Claro, o sair do armário segue adiante com a gente, é dia a dia, mas fica mais fácil.

Hoje é dia de celebrar 23 anos, a soma dos anos e o resultado de quem me torno... Imagina ano que vem, quando fizer 24?!

Sim, hoje é dia de festa! E festa pede música, dança, pede ser feliz. Vamo de listinha? Vamo!


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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

[ Boy & Good Boy ] Jai Courtney


Jai Courtney + Good Boy


Ando meio fofo, meio pilha de nervos e caos.
E volto já.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

dez e sete

Quem é que diria que eu chegaria aqui, não é? Que por tantos anos eu manteria viva essa conversa, que é minha, tão íntima, e também tão aberta, que passeia pra dentro e pra fora. E sim, eu sei que sequer vim aqui ainda neste ano, como ouso chegar em pleno agosto dizendo que nunca deixei a peteca cair? É que me lembro dos meus 15 anos, quando tudo que eu queria era pertencer, me encontrar, ser encontrado, e quando o universo dos blogs aflorou pela web; eu começava um blog novo a cada dois tempos e fechava, porque parecia nunca dar certo. Era porque eu tava buscando aprovação dos outros. Eu não sabia, como diz a SZA, que todas as coisas que eu precisava, e todo o amor que eu buscava, vivia dentro de mim, eu só não via. E assim eu tive que abrir e fechar todos aqueles endereços pra chegar neste, que me acompanharia. Quando eu abri o From Joe, no 08 do 08 de 2008, eu tinha apenas 21 anos, e acabei criando um companheiro pra vida, que estava (literalmente) escondido dentro de mim e precisava ser explorado, remexido e trazido à superfície.

E hoje, em 2025, meu blog faz 17 anos, e com ele eu também comemoro um aniversário pessoal à parte, uma graduação da adolescência, talvez. Eu posso sumir por longos mergulhos, levar meses para buscar respiro, mas na orla ou em alto mar, escondido na profundeza ou flutuando na superfície, deste oceano aqui, eu não saio.



terça-feira, 31 de dezembro de 2024

highligths in the dark. my 2024 favorites

 Eita, que dentro desse espaço de tempo conturbado que foi 2024, vivi perrengues, mas posso chegar aqui, na hora derradeira, dizendo que dei o que pude, dei o meu máximo e foi enorme. Sim, tô de bolsos vazios, mãos abanando, mas fiz o que me propus. Peguei o punhado das preocupações debilitantes que sobraram e joguei ao mar, reafirmando que não importam. Isso aqui, o que foi, tudo e tal, nada importa.

Pra não encerrar tão em branco, listo aqui as melhores produções a que assisti neste ano, sem ordem específica de preferência:


filmes


All of us strangers (2023)

Bonus Track (2023)

Femme (2023)

It's what's inside (2024)

Longlegs (2024)

Poor things (2023)

Queer (2024)

Les chambres rouges (2023)

La mesita del comedor (2022)

The Substance (2024)

Unicorns (2023)

Verdens verste menneske (2021)

Young Hearts (2024)

Wicked (2024)


curtametragens


Anders (2017)

Burrow (2023)

Heavy weight (2016)

Of Hearts and Castles (2020)

Some kind of paradise (2023)

The Pass (2022)

Warsha (2022)

Wren Boys (2017)


séries


Baby Reindeer

Big Boys

English Teacher

Fellow Travelers

Heartstopper

Monsters

Ted Lasso


Foram 96 filmes, 65 curtas e 65 séries, num total de 412 episódios. Ano que vem tá aí, não muda muita coisa, mas dá espaço pra mudar a gente. Ano novo pede que a gente mude, é o marco do recomeço que faz esse movimento, senão a gente para no tempo e ele segue sem a gente. Ainda que o caminho seja um muro fechado à sua frente, tem que persistir em avançar. Sei lá, um novo recomeço tranquilo, saudável, rico, cheio, feliz. Bom 2025!

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

não sai daí, a gente volta já


 Querido Benin, eu quero escrever, eu quero contar um montecoisa, mas tô preso aqui meio do caos, não tá rolando, é uma cruza de furacão com tsunami, terremoto e tempestade, dá nem tempo de botar ponto final, guentaí que já eu chego, que tô com uma verborreia pra soltar aqui, é dentro de instantes, mas enquanto não volto, voltei a subir algumas produções de temática gay aqui pro blog, com filmes, curtas e séries, então corre pra ver, viado, tem vídeo a dar com o pau, e eu bem sei que tu gosta,



terça-feira, 3 de dezembro de 2024

não conseguimos ser amigos.

 ...e, falando em Ariana, tava ouvindo o episódio do podcast Las Culturistas em que ela participa, e me peguei pensando muito em We can't be friends. É que no videoclipe, assim como no título do álbum, ela faz referência ao filme cult Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004), do gênio Michel Gondry. Aliás, vale registrar que esse é o disco que eu mais ouvi este ano que conseguiu, por vezes, me retirar do meio do mar do SOS.


Just wanna let this story die


Eu passei boa parte deste ano remoendo raiva; em contradição ao que declarei lá em abril, porque não foi fácil me desvencilhar do arrependimento. Neste caso em específico, de uma amizade em particular que, após muita insistência, por fim morreu. Mas não daquele jeito que a gente enterra, chorando, e guarda no peito as memórias boas do que se viveu. Não, essa morreu com raiva. Essa foi cremada, as cinzas lançadas à lata do lixo, para não deixar margem a dúvidas.

A trama de Eternal Sunshine... circunda a tentativa do esquecimento de alguém, o uso de uma tecnologia que limpa a mente das lembranças do outro, como se deletam os dados de um disco de memória. No filme, e no clipe, há titubeio diante do efeito do ato, sem volta. Será que prossigo? Como será viver daqui adiante sem que essa pessoa tenha existido na minha história? É um dilema delicioso de ponderar, principalmente porque, no fim das contas, não existe método que o faça na vida real, então nos resta mesmo lidar.

Eu já trouxe esse tema antes, lembra? Quando me revirava a alma, tentando superar um amor mal destruído, e eu achei que, sim, se me fosse oferecida a técnica, ali mesmo, sem hesitar, eu o apagaria da cabeça. Onze anos depois, e vejo que não. Não abriria mão do que aprendi com tudo aquilo. No entanto, hoje me pego aqui pensando o mesmo, que eu aceitaria destruir todo registro do tempo que gastei com esse amigo que nunca aprendeu a ser amigo. Sim, tempo que gastei, perdi, desperdicei com alguém tão oco e incapaz da reciprocidade de uma relação. Quisera esquecer cada momento, quisera o direito a reembolso de cada minuto, e dar-lhe melhor uso. Mas, sabemos, me resta apenas lidar.

Não, eu me recuso. Não aceito. Sim, eu me arrependo, mas não vou me alimentar de conjectura, que isso não dá sustento. Ainda que tenha jogado minhas pérolas ao porco, o que me importa é o que eu fiz, minha jornada e conduta, e não a do outro. Foi nesse exercício que eu me aprimorei como pessoa, como amigo, eu sim cresci, maturei, é nítido, e isso que conta, e disso me orgulho. Ademais, levo comigo um reforço:

 

 Onde não puderes amar, não te demores.

(Frida Kahlo)


Ponto final. Nova página.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

L.O.S.T.: Cynthia Erivo

 

 

  Eu amo musicais, da minha lista de filmes favoritos, muitos pertencem ao gênero; no entanto, só fui assistir a "O Mágico de Oz" já adulto, e sequer conhecia a história de Wicked. Fui ao cinema ver a nova adaptação do prestigiado espetáculo da Broadway, e saí encantado. O filme é uma daquelas obras que acontecem na hora certa, com as pessoas certas. Foi um prazer enorme assistir na grande tela a duas das minhas vozes favoritas dos últimos anos, e é muito merecido que o mundo finalmente desperte para os talentos da Cynthia Erivo. Essa mulher é um fenômeno natural, ela é um vulcão, um tornado, um tsunami, ela tem sua própria força gravitacional. Eu me perco admirando essa mulher, que pessoa preciosa, linda, que voz, que dádiva! 


 Fiquei obcecado quando a vi no filme Bad times at the El Royale. Em 2021, ela lançou seu primeiro  álbum, que eu escutei, repetidamente. Dali comecei a acompanhar suas inúmeras performances ao vivo de canções clássicas — na boa, escuta isso:


 

 

  - e mais outras tantas apresentações maravilhosas:

"Misty" (Black Velvet Voices - Taking the Stage)

"I say a little prayer" (Pay Tribute2 Aretha Franklin)

 "Can You Feel the Love Tonight" (2019 Tony Awards)

 "Can't hurry love" (from "Bad times at the El Royale")

"Fantasy" & "Reasons" (Earth, Wind & Fire Tribute, Kennedy Center Honors)

“What About Love?” (from “The Color Purple")

 "Ain't No Way" (Lincoln Center)

 "Nothing Compares 2 U" (Kennedy Center Honors)


E aqui, um show gravado em 2022, com a maravilhosa orquestra sinfônica do Royal Albert Hall, em Londres:


Enquanto 2025 promete o segundo álbum da Cynthia, e eu espero ansioso, compartilho aqui o primeiro. Taca stream na lenda!

Ch. 1 Vs. 1

sábado, 31 de agosto de 2024

[ Filme DL ] Bonus Track (2023)


 Falando em adolescência...

 Um das minhas sessões mais prazerosas em 2024, Bonus Track é uma comédia-drama-romance adolescente com efeitos semelhantes aos da maravilhosa Heartstopper: calorzinho no peito e imaginação florida.

 Estrelado por Joe Anders (filho da gigante Kate Winslet) e Samuel Paul Small, o longa conta com uma diretora mulher e traz aquele charme das rom-coms britânicas. A história é guiada pela perspectiva do George, um adolescente filho único e meio desconjuntado, que sonha em estourar na indústria da música, e, para isso, se une a Max Marvin, que, fortuitamente, ocorre de ser filho de um grande rock star. Nessa premissa clássica de dramas adolescentes LGBTQIAPN+, do aluno novo que chega para impactar a vida do protagonista, acompanhamos os garotos se acercarem, à medida em que George compartilha suas faixas pop preferidas numa mix tape, entremeadas às experiências intensas da juventude - e com direito a faixa bônus.


O filme está disponível no streaming para quem assina a Max. Já quem é da baixaria, pode pegar no final deste post.


FICHA TÉCNICA


Título:
Bonus Track (2023) 
Gênero: Comédia, Drama, Romance, Infanto-juvenil
Direção e Roteiro:
Elenco: Joe Anders, Samuel Paul Small, Jack Davenport, Josh O'Connor
Sinopse: Um adolescente peculiar, aspirante a músico, se junta ao filho de um astro do rock para tentar vencer o show de talentos da escola..
IMDb: ⭐⭐⭐✰ 6.6
 
 

TEASER




TRILHA




LINK



• Filme em .mp4, legenda em português
 [ 1080p | 2,51 GB ]
(Bonus.Track.2024.mp4)




quinta-feira, 29 de agosto de 2024

sweet sixteen

 Por volta ali dos doze anos, eu já entendia que era uma criança diferente e sentia os sinais do ostracismo que sofreria dentro de casa, derivado do distanciamento físico e emocional de um pai e dois irmãos que não sabiam lidar com minha personalidade divergente. Aos doze, eu beirava uma adolescência muito solitária, logo, tecer meu próprio universo foi meu recurso e minha salvação. 

Peguei um caderno, embelezei a capa, lancei um cadeado e passei a registrar meus pensamentos, que, em sua maioria, tratavam dos garotos personagens das minhas paixões múltiplas, e dele - o professor de Educação Física por quem nutri um amor juvenil. Eu não tinha amigos, e jamais poderia dividir com outrem o que eu sentia por dentro; precisava, de alguma forma, trazer à tona tudo aquilo, o segredo era o único veículo possível, e aquele diário lacrado, a única mídia ao meu alcance.


Esses dias me peguei relembrando dessa época e me ocorreu que foi quando desenvolvi o hábito de guardar registro das coisas, fosse por memento ou por objetos imbuídos de significados e lembranças. Nada foi capaz de me tirar o registro ou o registrado. Exceto em um caso.

Quando entrei na igreja em 2005, pela segunda vez, fui manipulado a queimar e me desfazer de tudo do meu passado que não fizesse "parte do plano de vida que deus tinha para mim", e, uma vez parte da seita, aceitei sofrer o crime velado de coerção e queimei meus pertences: os CDs que eu havia conquistado com o salário do meu trabalho, as revistas de nu masculino, outros itens que traziam memórias "impuras", e - certamente - meus diários da adolescência. Tudo se desfez em cinzas e pó numa grande fogueira, e assim os registros de uma parcela da minha vida foram apagados para sempre. Mas não se me apagaram seus eventos, que isso ninguém me roubará. Aquela noite remonta ao maior arrependimento da minha vida, que eu daria um mundo para poder voltar no tempo e consertar. Contudo, um único pedaço da minha intimidade salvou-se do atentado, e sobrevive até hoje. Não lembro ao certo por que não levei também este ao fogo, só sei que, gratamente, o fiz. Meu primeiro diário segue comigo, material e precioso.


E em 2008, já familiarizado com a rede social dos blogs, dei luz a este espaço, meu registro, meu diário, minha caixa de cartas, tão querido, parceiro, companheiro de vida. Este blog sou eu, e, hoje, completa 16 anos e 3 semanas (é, não consegui me organizar para registrar o aniversário no dia 08/08, como esperado 😅). Sou feliz demais por tudo que tenho salvo aqui, tão bem organizado e acessível; feliz pelo hábito de escrever, registrar, anotar, compartilhar, guardar - e, com isso, mudar, crescer, maturar. Mudança é chave, e este acervo, a que tenho a chance fortuita de recorrer sempre que quero, é minha valiosa herança. Este diário aqui é à prova de fogo, e segue comigo até o fim.


Feliz aniversário, Dear Benin! Feliz dezesseis anos!


sábado, 10 de agosto de 2024

tá um calor, menina...


e com esse tempo tão seco, tem que redobrar a hidratação.

Há que se umedecer.

Urge se umectar.

 

 

Brandon Sklenar por Yu Tsai para Flaunt Magazine


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