Com tudo que me ocorreu nesses passados três anos morando longe e sozinho, aos poucos tomei ciência de um dos traços básicos que configuram meu problema de autoestima reduzida: o quadro crônico que eu livremente chamo de Síndrome de Forção.
Em suma, a coisa toda é um processo autodestrutivo, uma arma de sabotagem, sob influência da qual eu me enxergo como inadequado em minhas trocas sociais; basicamente, na iniciativa de fazer contato e compartilhar ideias e gostos, eu me convenço de que minha abordagem é natural, apenas para depois torpedear a mim mesmo com bombas de efeito psicológico que exclamam o quanto sou desinteressante. Em seguida, eu repreendo qualquer esforço em interagir adiante, por motivos de vergonha, insegurança e frustração. Esse efeito dura somente o bastante para o ciclo recomeçar.
Era assim que eu me sentia quando tentava conversar com os meus amigos no Brasil; a dinâmica parecia estar quebrada, e eu temia que minha falta de polpa houvesse, enfim, ficado clara à vista.
Com os escassos amigos locais, o receio era o mesmo, porém em maior escala. Diferente dos amigos já conquistados, eu agora me encontrava à deriva num cenário de interações com gentes, eu um praticamente adulto que não aprendeu a se misturar com o próximo.
Entretanto, com ele esse problema se dissipava. Era parte da mágica que fazia eu me sentir tão bem, o alívio nos ombros. Até a hora em que tudo desandou e a Síndrome de Forção me acometeu com mais substância. Cada vez que ele cuspia a clássica "não é você, sou eu", eu definhava mais, embora em parte concordasse - não era eu. Por quê?
Em minha defesa, eu nem me acho assim tão desinteressante e sem polpa - ao menos, não quando em comparação. Esse quadro, essa patologia só persiste porque a raiz disso tudo crava bem mais abaixo.
gente, eu nunca esperaria isso. nunca.
ResponderExcluirsurpreendeu ver essa vulnerabilidade. engraçado como a gente faz outra ideia das pessoas por diferentes motivos.
@Antonio: é um ciclo bem venenoso. Eu fico com vergonha de falar com praticamente todo mundo. Mas faço. Daí depois me torno arredio quando me sinto rejeitado, e até meio grosso quando a pessoa retorna o contato, meio de mágoa mesmo. É ridículo, eu me sinto patético mas não sei como consertar esse padrão.
ResponderExcluir[j]
Psicologia de botequim, talvez, mas como eu nem bebo, lá vai: reconhecer o problema é o primeiro passo para a cura do mesmo! :-)
ResponderExcluir@Edu: eu sei! já é alguma coisa. Só que não sei qual o próximo passo a dar, dá um desespero! Tô com a perna no ar esperando o próximo ladrilho aparecer pra seguir adiante com essa caminhada. espero pelo menos perder um pesinho nesse exercício todo. :)
ResponderExcluirvaleu pelo conselho de boteco, edu!
beijo
[j]
Olá Joe,
ResponderExcluirQto tempo...
Você está bem?
Abraço-te!
Gui
@Gui: ficando bem, obrigado.
ResponderExcluir[j]