"Saudade."
A gente não deve nada um ao outro, senão respeito como pessoa, respeito pelo que já trocou. Pois acho justo que entenda como me sinto. No diálogo que só se manifesta sob o teu domínio, minha voz é muda, e meu tom, obediente. Isso me assentou estranho nas entranhas.
Eu tento, e falho, montar tua defesa, mas não há caso, nem causa; tua falta é a falta. E não o teu autismo, que eu salvei no teu dossiê como acordo, redução de pena. Ainda que fosse, teu dever seria tentar mais.
Eu mereço cuidado, afeto, proteção, consideração; que me encerrem os finais com os devidos nós e não larguem as pontas soltas e esfiapadas; que me contem e digam e me dêem vez de fala e ouvidos; que acolham minha oferta e, de bom grado, meu agrado generoso; que sorriam para mim e comigo e, com sua risada, suscitem a minha.
Mas não é o teu caso, e sim tua falta. Falta o respeito, esse que te estendi e não tive em retorno. Eu gosto de quando estamos juntos, e minha falta é a que faz o cheiro da tua pele e o teu tato na minha: sinto falta, além da tua Saudade, assim, solta numa frase de uma só palavra.
Venho há meses com essa náusea, e hoje esperei, outra vez em vão, pela tua retratação, a tua voz e a risada, o teu cheiro e o abraço. Bom para passar enjoo é regurgitar o que faz mal por dentro. Eu sinto tua falta, mas sinto ainda mais a dor da tua falha. Então, melhor remediar e cortar tua dose por aqui, que não tenho interesse que me tratem assim.
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