"uma flor na lama"

Sheryl Crow - Am I getting through

 Eu não consigo explicar. Esse estado, essa situação. Que parece consequente de um único evento, mas que na verdade se agrava com outros fatores, tantos que nem dá pra explicar. Mas o prato principal, aquela considerada a pior das rejeições, ainda hoje é a que alimenta o meu monstro e me apodrece as entranhas com um gosto amargo.

Na última semana, num dos meus sonhos sem graça, eu me vi me desfazendo do físico e do emocional, e entrando em um quarto que eu sabia significar o fim. E a sensação era aquela de desistir de tudo.

 Das coisas que desejo, uma é ser forte. Sempre disse que sou fraco; como se tivesse um espírito atrofiado. Mas nesses últimos meses, nunca me senti tão fraco, porém tão forte - por conseguir chegar até aqui. Eu sou fraco demais pra tomar qualquer medida extrema, mas talvez este seja o meu "ser forte",  a minha forma de atravessar a dor e chegar a este momento, a estas palavras, hoje.

Na mesma semana, saí com duas amigas de classe, e ao curso de duas garrafas de vinho tinto, abrimos nossos corações, contando histórias de adolescência - traumas, bulling, medos e, por que não, alegrias. Ao ouvir seus relatos, percebi que eram tão frágeis e com os pedaços colados com cola branca quanto eu. E assim, eu tive uma night out como poucas em minha vida. Não pude evitar me apaixonar pelas duas, e pela força que elas têm escondida por baixo de todas aquelas cascas de feridas.

E hoje eu vejo que ser forte, tal como ser feliz, é circunstancial: ninguém na verdade é, porque ser forte é um estado; felicidade são momentos. Tem vezes que a gente é fraco, outras que a gente é forte - e se acontece quando mais se precisa, a gente entende o quão forte é capaz de ser. No fim, restam histórias que contam quem a gente é...