Eu tenho me sentido um vovô da internet, o último pré-histórico digital ainda perdido neste deserto pós-apocalíptico, onde, abandonada, restou a antes rica e próspera rede de blogs. Tudo que brotava por aqui, toda a carga de expressão pessoal dos conterrâneos de outrora, exportou-se para as mídias novatas e por lá se perdeu numa amálgama banalizada, plástica e insossa de imagens cenográficas, textões presunçosos e anúncios questionáveis.
De um todo, larguei de lado minha participação nessas redes, que dali não sinto que me vem retorno. Sigo vagando por aqui mesmo, que é preciso. Tal como não posso prescindir de meus momentos de silêncio, há também as fases de verborreia, e aqui neste terreno –ainda que despovoado– me sinto bem resolvido.
Hoje concluem-se treze anos peregrinando aqui. O jovem rapaz pisou o primeiro passo no campo cru e nunca mais largou esta terra. Aquele que caminha e que cruza pontes deu muitas voltas e segue estrada. Ele, que trilha solo, viaja em tríade; ele, que se presta a arar o solo de adiante e adubar o futuro, que conecta o tempo, que estica o fio, que mistura as metáforas e fala e escuta. Ele, que escreve.
Solitário, ele vaga. É sorte boa, é azar, treze anos para trás. Ladrilho, lombada, pedra, jangada, paraquedas, roda, bengala. Sigo vagando.
fotos: Fátima Araujo
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